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Estilo e autocuidado

Um ano sem anticoncepcional

Um ano sem anticoncepcional 1

Um ano sem anticoncepcional 2

Não sei precisar exatamente quando foi que decidi parar de usar a pílula anticoncepcional, só sei dizer que foi no mês de maio. Mas posso dar certeza que a vida ficou mais leve depois que decidi não usar esse remédio como método contraceptivo.

Sou filha de uma geração que tomou e toma anticoncepcional como o principal método para evitar neném e devido a isso fui influenciada de certa forma. Porém vivemos novos tempos e refletir sobre as coisas que consumimos é algo ainda novo, mas que cada vez mais pessoas estão fazendo (ainda bem!)

Para começar, não parei com a pílula porque estou planejando engravidar. Muito pelo contrário, ter filhos é um plano para o futuro. Só troquei o método contraceptivo. Claro que o meu risco de ter filhos fora do plano aumentou.

Já havia algum tempo que queria parar, mas sempre tinha medo. Na verdade, o medo era de engravidar sem ter planejado. Parei e pensei: se caso eu pare o remédio e fique grávida por descuido ou infortúnio, então era para eu ficar grávida mesmo. Depois de ter pensado e resolvido essa primeira questão, passei a refletir sobre outros aspectos do uso da pílula. Outros questionamentos surgiram: Preciso mesmo de pílula para evitar neném? Será mesmo que aquilo está só evitando bebês ou está afetando alguma outra coisa em meu corpo? Quais são efeitos do uso desse remédio a longo prazo em minha saúde? Será que sabemos mesmo quais são as consequências do uso da pílula para as gerações futuras?

Além das reflexões, outro fator que me impulsionou a parar com a pílula foram os crescentes casos de trombose que foram aparecendo nas mais aleatórias conversas. E casos cada vez mais próximos de mim. Para quem não sabe trombose, a grosso modo, é um coágulo sanguíneo que surge e pode se deslocar para outras regiões do sistema circulatório podendo provocar Infarto ou AVC. Apesar de não fazer parte do grupo de risco de trombose, levo uma vida um pouco sedentária e estressante e, aliada ao uso de pílula, poderia acelerar esse processo. É claro que apesar de não usar mais pílula ainda posso ter trombose. Uma coisa não elimina totalmente a outra.

Estudei, conversei com diversas pessoas, li relatos pela internet (Super recomendo esse post aqui da Gabi Barbosa e também a leitura  dos comentários)

Após decidir realmente parar, conversei com Eduardo. Afinal de contas, somos um casal e bem ou mal, essa decisão influencia em nossa relacionamento, principalmente se algo sair do plano e acabarmos engravidando. Claro, que não parei de imediato. E antes de qualquer ação, marquei uma consulta com meu ginecologista e contei da minha decisão. Ele me orientou em algumas dúvidas sobre o meu ciclo, alguns diagnósticos que eu tinha, solicitou alguns exames e atualizou a minha ficha médica.

Uma coisa que quero alertar aqui: não faça nada antes de consultar o seu médico ou especialista. Cada pessoa usa a pílula para algo específico. Suspender o uso do remédio de forma errada pode afetar a sua saúde. Converse com seu médico. SEMPRE!

Pronto! Tudo acertado! Suspendi o uso do remédio e até hoje não consegui entender porque demorei 10 anos para parar. Sou outra Karin.

No início não senti muita coisa diferente, apenas que o meu fluxo havia diminuído de quantidade. Um pouco depois, começaram a aparecer as oscilações de humor e muitas espinhas na região das costas. Muitas mesmo! Minha libido aumentou e por isso sei exatamente quando estou ovulando. E os sintomas normais e naturais da TPM voltaram.

Com o tempo pude verificar outras mudanças mas significativas no meu corpo e na minha mente. Sei que alguns vão achar uma grande besteira, mas isso tudo que irei relatar parte da minha experiência.

  • Corpo e peso: se você olhar as minhas fotos lá por volta de maio/2016 verá que estou com o rosto um pouco redondinho. Isso se deu muito ao fato de estar com a minha alimentação desregulada e falta de exercícios. Coisas que logo depois comecei a mudar. Porém após parar a pílula senti que ficou um pouco mais fácil perder peso. Vou explicar: por mais que eu melhorasse a alimentação enquanto fazia uso do remédio, eu ainda tinha a sensação de estar sempre inchada e isso era visível no meu rosto redondinho. Hoje sinto que meu corpo está um pouco flácido e associo isso ao fato de não ficar inchada como costumava ficar. A pílula dava um viço na pele e que agora busco isso através de boa alimentação e
  • Cabelo: é claro que o cabelo ficou mais oleoso. Eu conseguia lavá-lo a cada dois dias. Agora tem que ser lavado todos dias ou então assumir um dia sem lavar e viver com a  sensação de que estou grudando toda a sujeira do mundo na minha linha do cabelo e a aguarda ansiosamente pela hora do chuveiro.
  • Rosto: nunca fui de ter muita espinha rosto. Logo depois que fiz 20 anos começaram a surgir muitas espinhas estranhas nele esse, associado a outros, foi um dos motivos de eu ter começado a tomar pílula. Quando eu parei, eu já sabia que isso iria voltar. Aliás esse era o meu maior temor. No início. Outras coisas também mudaram: a textura da pele, os poros mais dilatados que notei sobre a pele sobre a pele que notei foi a textura da pele: os meu poros ficaram mais dilatados e a manchas surgiram, principalmente as provocadas pelas espinhas.
  • Espinhas: as temidas. E elas apareceram sim! Mas com hora marcada. Deixa eu explicar: as espinhas retornaram de forma mais branda, porém intensa. E sempre logo após o meu período fértil, que é quando o nível de oleosidade no corpo aumenta. Dá para viver com elas, mas preferi ir ao dermatologista para poder cuidar da forma correta. Tenho feito um pequeno ritual diário para isso e que tem me ajudado muito. Ela continuam aparecendo, mas de forma mais leve e controlada.
    O que ocorreu de estranho se tratando de espinhas é que logo após eu ter parado de usar, acho que uns 3 meses depois, começaram a surgir espinhas e cravos por toda as costas. Coçava muito e algumas eram até doloridas. Esse quadro ficou por uns 2, 3 meses, mas logo depois sumiu e não apareceu mais até o momento
  • Psoríase: para quem não sabe sofre de Psoríase que é uma doença auto-imune (sem cura) e que dá algumas feridas e manchas em diversas partes do corpo. Na verdade, eu queria saber se havia alguma relação da doença com uso do anticoncepcional. Assim que eu parei, o principal sintoma havia sumido também, mas logo depois as manchas no corpo retornaram. Então não tem nenhuma relação e sigo vivendo com minha doença normalmente.
  • Humor: Ahhhh, o humor. Diria que esse é a grande desvantagem em ficar sem pílula. Meu humor tem oscilado bastante. Tem dias que fico insuportável que nem eu mesmo me aguento. Além disso, fiquei muito mais chorona do que já sou e as “bad vibe” tem surgido com mais frequência. As bads são as piores para mim. Eu fico em um estado de tristeza que beira a depressão: choro muito, só quero ficar na cama, dormir, penso que a vida é uma bosta e a vontade de fazer qualquer coisa é zero. Ainda não sei muito bem o que fazer para melhorar meu humor nesses dias da minha vida. Mas estou aberta a sugestões.
  • O psicológico: isso mudou. Tanto para bem quanto para o mal. Como disse acima tenho tido mais crises de tristeza. Fico muito mal mesmo quando ocorre. Quase não me reconheço. Por outro lado, me sinto melhor em algumas questões. Pode parecer estranho mas me sinto mais feminina, mais aberta, desinibida e quero dizer desinibida como menos retraída. Sei lá, me sinto mais solta. Psicologicamente falando! E isso é bom. Não sei explicar muito bem. Só sei que me sinto assim agora.

Após essa avaliação, o que pude perceber é que o anticoncepcional mascarava muitas coisas em minha vida. Ele dava uma juventude em minha pele, cabelo e corpo que não eram minha de verdade. Mas a troco de quê que esses “benefícios” me custarão no futuro? Essa “falsa juventude” é uma conta que não quero pagar.

A ideia desse post é compartilhar um pouco da minha experiência e ser uma fonte de informação para quem está pensando em começar ou parar com o uso de anticoncepcional como método contraceptivo. Leia bastante, pesquise bastante, avalie e sempre, eu repito, SEMPRE, consulte o seu médico antes de qualquer decisão.

Outra coisa, não quero aqui pregar um fundamentalismo de abaixo a pílula, até porque eu usei por muito tempo. Só você pode saber o que é melhor para você. Tomar pílula ou não tomar é uma decisão sua e você deve ser livre e respeitada pela sua escolha.


Mil beijos e até mais!

 

About Author

Karin Paredes, 37 anos baixinha, tagarela, adora livros e bibliotecas. Bibliotecária, casada com o Eduardo e mãe da Caliope (calopsita). Carioca vivendo sonhos em São Paulo. Venham conhecer um pouco do meu cantinho de inspirações e alegrias.

4 Comments

  • Júlia
    14 de junho de 2017 at 10:29

    Adorei . beijos e fique sempre bem.

    Reply
    • Karin Paredes
      5 de julho de 2017 at 11:48

      Fiquei muito feliz com seu comentário aqui.
      Beijos, tia!!!

      Reply
  • Laura Nolasco
    21 de junho de 2017 at 02:05

    Adorei o post e seu relato!
    Nunca usei anticoncepcional – aqui é na base da camisinha mesmo e tô estudando a opção de colocar DIU de cobre. Eu sou totalmente natureba quando o assunto é esse, sabe? Não gosto de hormônios mascarando meu ser mulher… gosto de saber quando tô ovulando, de observar meu muco, meu humor, meus sintomas e tudo o mais… acho que enlouqueceria sem isso.
    Beijos!

    Reply
    • Karin Paredes
      5 de julho de 2017 at 12:04

      Olá Laura,
      É interessante esse acompanhamento.
      É algo que não desenvolvi nos primeiros anos da puberdade e sinto falta hoje em dia.
      Eu sinto que minha feminilidade ficou mais evidente depois que parei.
      Mil beijos

      Reply

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