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Pessoal

A irmã que tive e nunca tive

A irmã que tive e nunca tive 1

irmã

Muitos que me conhecem sabem que tenho não só um, nem dois, mas 4 irmãos. Todos mais novos que eu. Só que a maioria não sabe é que eu também tenho uma irmã, mas que nunca conheci.

Larissa foi a primeira filha dos meus pais. A irmã que não tive a oportunidade de conhecer porque virou uma estrela antes mesmo de cogitarem a possibilidade de eu nascer. Ela morreu lá nos meados dos anos 80 quando doenças que hoje são consideradas simples de tratar, matavam as crianças e deixavam vazios em suas famílias

Ela era a primeira filha, a primeira neta, a primeira sobrinha (já haviam 2 meninos na família) e foi um choque para todos quando ela se foi (é o que ouvi nas conversas de família). O que ficou da Larissa foram as fotos e as lembranças que seus familiares tem dela)

Para mim, só ficaram as fotos.

Nasci alguns meses da sua morte. Me tornei a primeira filha, a primeira neta, a primeira sobrinha. Não foi uma tentativa de substituição, ninguém fez isso. Larissa era a Larissa e a Karin era a Karin. Havia sim uma proteção, um carinho, um mimo natural e um medo ali escondido de que, talvez, algo de terrível pudesse acontecer comigo. Quando fiquei hospitalizada aos 5 anos, tenho certeza que meus pais e familiares reviveram todo o temor e preocupação que tiveram que passar com a Larissa.

Já me peguei muitas vezes pensando como seria minha vida se ela estivesse viva. Eu lembro que quando trazia isso à tona, eu mexia com o Leo dizendo que ele não existiria e minha mãe uma vez disse que talvez nem eu tivesse existido. No final, eu imaginava que seriamos nós 3 mesmo, sempre. Seria uma conta legal, pelo menos para mim.

Quando via suas fotos sempre imaginei como seria ser a irmã da menina dos olhos azuis e cachos dourados. Seriamos amigas ou rivais? Dividiríamos as roupas, os sapatos e as makes? Viveríamos em pé de guerra? Seríamos grandes cúmplices? Protegeríamos uma a outra da coisas ruins da vida? Ficaríamos disputando os meninos? Ou seríamos simplesmente indiferentes, cada uma na sua?

Sempre pensei que seríamos cúmplices, que estaríamos ali uma para outra. Que viveríamos as melhores fase da nossa vida juntas, felizes com as conquistas de cada uma. Ela me ensinaria coisas que nem poderia imaginar ser capaz de existir e iria admirá-la em tudo que fizesse. Seríamos quase siamesas de tão ligadas.

Imagino também como eu seria como pessoa, minha personalidade, a minha vida. A influência dela em minha vida teria, com certeza, me tornado uma pessoa diferente em muitos aspectos da minha vida. Eu não teria sentido tantos vazios que senti na adolescência. Não teria feito coisas que fiz ou teria feito coisas que deixei de fazer. Eu teria alguém que sabia exatamente o que se passava comigo naquele momento e poderia me ouvir, me aconselhar, me dar bronca. Ela iria me mostrar que o que estava fazendo não era certo, mesmo tendo que me trancar. Tive amigas que em muitos momentos fizeram esse papel e cumpriram com excelência, mas eu sabia lá no fundo que a Larissa teria desempenhado esse papel como ninguém.

Brigaríamos também. E muito. Por tudo. Afinal seríamos irmãs, né? E qual irmão não briga com outro pelos motivos mais tortos. E depois estaríamos fazendo as pazes quando uma ou outra perguntasse se estava com fome pois iria fazer um café.

Às vezes sinto falta, sinto falta mesmo de ter tido alguém com a qual eu pudesse dividir as minhas aflições, meus livros, minhas roupas ou as minhas histórias de amor. Acredito que viveríamos acordada até de madrugada comendo chocolate e tomando sorvete, ouvindo Backstreet Boys e dançando Spice Girls. Ela me levaria para as festas e eu ouviria seus lamentos porque o crush não deu a mínima para ela. Ela seria o meu porto seguro, e eu o dela.

Apesar de tudo, Larissa é minha irmã, a irmã que nunca tive. A irmã que sempre irei querer saber como seria a vida tendo ela ao meu lado para compartilhar, para viver. Alguém que eu pudesse dizer: “Essa é a Larissa, minha irmã mais velha”


Mil beijos e até mais!

Créditos da imagem: PEXEL

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About Author

Karin Paredes, 37 anos baixinha, tagarela, adora livros e bibliotecas. Bibliotecária, casada com o Eduardo e mãe da Caliope (calopsita). Carioca vivendo sonhos em São Paulo. Venham conhecer um pouco do meu cantinho de inspirações e alegrias.

7 Comments

  • Luciana Rosa
    28 de agosto de 2017 at 08:00

    Amei! ^^

    Reply
    • Karin Paredes
      26 de janeiro de 2018 at 10:55

      Oi Lu!
      Que focinho te ver por aqui!!!
      Obrigada pelo comentário e pelo carinho.
      Mil beijos

      Reply
  • Natasha Arruda
    28 de agosto de 2017 at 13:46

    Faço essas perguntas sobre meu pai, inclusive escrevi um texto sobre isso. Eu acredito que um dia o verei novamente e assim viveremos juntos pra sempre.

    Reply
    • Karin Paredes
      26 de janeiro de 2018 at 10:50

      Olá Natasha!!!
      Com certeza, os veremos novamente e será maravilhoso!

      Obrigada pelo carinho!
      Mil beijos!

      Reply
  • Ana Paula
    28 de agosto de 2017 at 22:06

    Que belo, amiga. Tenha certeza q, seja lá onde ela estiver, ela tb gostaria de dizer o mesmo sobre a irma mais nova del.a. bjo

    Reply
    • Karin Paredes
      26 de janeiro de 2018 at 10:51

      Olá Ana!!!
      Que felicidade te ver por aqui!
      Obrigada pelo carinho. Tenho certeza que ela está pensando o mesmo de mim.
      Mil beijos

      Reply
  • Natasha
    13 de agosto de 2018 at 08:21

    Meu Deus….q lindo…chorando rios…
    Sinto tudo isso…com a diferença q encontrei minha irma depois de 26 anos….pois fui adotada qnd nasci….mas sinto td isso….sdds d uma infância q eu poderia ter tido e não tive…

    Reply

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