Por volta dos meus 15 anos, descobri em uma manhã de domingo (obrigada SBT), uma série que falava sobre relacionamento entre mãe e filha. Mas não uma série qualquer, e sim TAL MÃE, TAL FILHA. O primeiro nome no qual tive contato para aquilo que iria se tornar a minha série favorita de todos os tempos (acho que não haverá outra em toda a história da minha existência): Gilmore Girls
O amor foi à primeira vista, sim. Quase que na primeira cena. Não tinha como me encantar por um seriado que tratava sobre os mais diversos assuntos relacionados a minha idade: relação entre mãe e filha; gravidez na adolescência; criação rígida; mudança de escola; primeiro amor; bullying; faculdade, sonhos e tantos outros temas que podem ou não fazer parte da vida de um adolescente e que continuam tão atuais mesmo depois de tantos anos da sua estreia.
Eu não sabia explicar bem a mágica que tinha ocorrido ali. Não saberia dizer se foi o fato de na mesma época viver uma relação conturbada com minha mãe, de me sentir acolhida pelas referências que eu identificava (ou não!), se pelo roteiro e diálogo contagiante ou por compartilhar o vício no café. Só sei que amei
Sempre me senti um pouco diferente na adolescência. Meus gostos e preferências, desde música até o modo de me vestir, não acompanhavam muito os das meninas da minha idade. Minha opinião e interesse pelo mundo também era um tanto diferente. É claro que havia alguns aspectos que eu me comportava como a típica adolescente de 14, 15 anos. Mas ainda assim, me sentia diferente.
Assistia a série nas manhãs de domingo quando passava no SBT, mas efetivamente só até a 3ª temporada. Depois peguei alguns episódios aleatórios quando ia passar o final de semana na casa do meu pai que tinha TV por assinatura. Mas não consegui vê-la por completo. Sei o que aconteceu com alguns personagens, mas os detalhes não poderia explicar. Acabei comprando os DVDs com todas as temporadas há pouco tempo, mas nem assim consegui terminar de ver tudo.
Gilmore Girls – a série
A série é um drama familiar (descobri que amo dramas familiares) e que fala sobre a relação entre Lorelai Gilmore, mulher inteligente, gerente de uma pousada e que se tornou mãe muito jovem, durante a adolescência. Rory é a filha inteligente, dedicada, amorosa e que não guarda segredos da mãe, que é a sua melhor amiga e confidente. A série retrata o cotidiano das duas personagens que vivem na pequena cidade de Stars Hollow e tratam dos mais variados assuntos como relacionamentos familiares, amor, amizade e descobrimento da vida adulta (no caso de Rory).
O texto rápido e cheio de referências de cultura pop, música e livros era um outro quesito que também tornava a série única. Era muito legal ver as coisas que eu curtia, ouvia e lia sendo representados em uma série de TV. Eu não me sentia tão estranha em ver The Bangles, Franz Ferdinand e Sylvia Plath sendo referenciados e entendia quase todas as piadas que elas personagens diziam.
A pegada feminista que a série transmitia também era algo fascinante para mim. Mulheres que fogem dos estereótipos, protagonistas do seu destino me inspiravam e mostravam que podíamos ser mais do que a sociedade e os “bons costumes” nos impõe. Claro que para uma garota adolescente sem muita noção do mundo e do papel nesse planeta, esses ideais não eram muito claros. Na época, ser feminista para mim era ser uma mulher que havia “queimado sutiãs” e lutado por direitos que eu mal entendia. Muito diferente da Karin de hoje, que sabe que ser feminista é sim ter “botado fogo em muita coisa”, porém é lutar por igualdade em muitos níveis da sociedade e para manter um mundo mais justo entre os gêneros. Lorelai, Rory, Emily, Sookie, Lane, Paris e tantas outras personagens presentes na série nos mostram a mulher que podemos ser (ou que não podemos também, tá, é ok!). Minhas crenças femininas e feministas assim foram semeadas.
Mesmo tendo praticamente a mesma idade de Rory quando comecei a assistir o seriado, me identificava muito mais com a Lorelai. Sou muito fã da personagem e da atriz que a interpreta. Gosto tanto da Lauren Graham que comecei a assistir Parenthood (já contei que curto dramas familiares!) só por causa dela. Na época ela era o retrato do tipo de mulher que eu gostaria de me tornar quando adulta: responsável, independente, bem humorada e corajosa, mas também podemos notar que apesar disso ela ainda possuía um pouco da garota sonhadora que ela foi antes de engravidar. Acho que é isso que mais na personagem: ela nunca deixou de sonhar e conseguimos ver um pouco o seu lado menina que ela acabou tendo que deixar para trás para se tornar a mãe de Rory.
Gosto tanto da atriz que tenho o primeiro livro escrito por ela, o Quem sabe um dia, e já encomendei o segundo livro biográfico, Falando mais rápido que posso que será lançado no mês que vem.
Gilmore Girls: um ano para recordar
Hoje, 25/0finalmente, é a estreia de Gilmore Girls: um ano para recordar, um revival que o Netflix produziu para todos os amantes dessa série genial. Quando soube dela há meses atrás, senti um calorzinho no coração, uma sensação de puro amor. Chorei copiosamente vendo o trailer e cantando bem alto a música tema, me sentindo abraçada pelas cenas. É lindo e é difícil saber que algo tão bom, tão legal, tem um fim e estou adiando o fim o máximo que eu posso (sou louca, eu sei).
Estou ansiosa, muito ansiosa. Sei que mais cedo ou mais tarde sentirei o vazio. E pior: duas vezes. Mas sei que será lindo e muito feliz. A cada imagem que vejo, post de amigos no Facebook, fotos e vídeos no Instagram (eu sigo a conta da série @gilmoregirls) e os trailers é um misto de sentimentos que aparecem aqui no peito. Eu AMO Gilmore Girls e dedicarei e indicarei essa série para todas as mães e filhas e seus relacionamentos até o resto da minha vida.
Se você ainda não assistiu aproveite a oportunidade maravilhosa que o Netflix deu para todos do mundo todo e comece a se encantar pelas aventuras de Lorelai e Rory na companhia de muitos baldes de café. Quando eu finalmente tiver coragem e conseguir terminar de ver a série conto aqui para vocês.
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E vocês, já assistiram a série? Estão ansiosos pelo revival do Netflix?? Nunca ouviram falar??? Contem me tudo nos comentários.
♥
Mil beijos e até mais!
♥
1 Comment
Bel
30 de novembro de 2016 at 00:10Ai, que amor esse post! Fiz um post hoje no blog sobre Gilmore Girls! Minha série amada e querida, uma das minhas preferidas da vida. Super indico pra quem ainda não assistiu a série e a versão 2016 do netflix. Me emocionei, sorri, me lembrei de coisas boas da minha vida e já estou torcendo por novos episódios – eles deixaram algumas pontas soltas pra isso, não acha?
Bjs
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